Carta para mim mesma #001

Café das sete
2 min readJul 30, 2018

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Akapoeta

Oi, tudo bem? Eu estou bem, o suficiente para conseguir escrever.

Estava me lembrando que desde quando você era mais nova você sempre amou escrever cartas, bilhetes, recados, qualquer pedaço de papel que coubesse palavras lá estava você preenchendo o espaço com pensamentos livres. E até hoje é assim. Todos que passam, passaram e passarão pela sua vida já receberam em algum momento uma dessas formas de carinho, desabafo, o que for. Eu inclusive.

Esse costume você herdou da sua mãe, ela sempre guardou seus desenhos e bilhetes da infância num saco de arroz; sempre escreveu cartas e te levava na biblioteca pública para ler, para que você sempre amasse as palavras. Aos sete anos quando se mudou de cidade ela te dava envelopes e selos para você se corresponder com os amigos e familiares que ficaram em BH. E quando voltou, ela levava as cartas no correio que você escrevia para os amigos que deixou na sua curta estádia em Cláudio. As cartas sempre foram uma forma de conexão para você. Conexão com as palavras, com sentimentos, com seu mundo e com mundo do outro. Uma forma de presença e de partida.

Em 2017, você cursou uma disciplina na faculdade sobre as escritas de si, um dos tópicos abordados foram as cartas. Você descobriu e relembrou duas coisas importantes. Uma delas foi que “a letra é pessoal”, depois disso você decidiu não escrever mais cartas no computador (apesar de escrever essa, rsrsrs). Você descobriu que a letra é pessoal, quando escreve uma carta a mão deixa ali seus vícios, seus erros, sua letra, o trabalho de escrever cada linha, a mão cansada de quem anda trocando papel por teclado que deixa sua letra um pouco diferente no fim da carta; o “ps” que acrescenta o pensamento já que você não pode usar o “enter”, tudo flui de uma forma mais íntima, é como se você enviasse um pedacinho de você ali entre papel, envelope, selo e carimbo.

Seu outro aprendizado nesse processo –é que assim como os conselhos — as cartas dizem muito, talvez até mais, de quem escreve do que para quem você escreve. Ou seja, elas se tornam os melhores conselhos que você poderia dar a si mesma e está dando para o outro. Isso tem relação com aquela ideia de que as coisas que te incomodam no outro, o que você acha que ele pode melhorar, como ele deveria se sentir está intimamente ligado com você mesma. Em como você enxerga o mundo e em como gostaria que o mundo te enxergasse. Sendo assim, te aconselho a ler bem os conselhos que você dá.

Beijos, abraços e sorrisos

Helena

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Written by Café das sete

Por Helena Merlo. MUITOS erros de digitação pq eu escrevo na fritação do sentimento! CATARSE. "A arte é uma confissão de que a vida não basta" F.Pessoa

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