Contradição

Café das sete
3 min readMar 15, 2020

Feche seus olhos que vou me descrever.

Por fora expansiva, espontânea, grande, voz alta e risada extravagante. Palavrões e opiniões fortes. Cabelo rosa e roupas estranhas que dizem ter a minha cara. Meia colorida pra rir do dia que começa chuvoso (que amo). Olho verde com um girassol em volta da pupila que precisa de uns segundos fitar o olhar pra enxergar. Decida, independente (mas, também cheia de privilégios). Firme, forte e corajosa. Branca, mulher e acima do peso, mas dentro do padrão. Não sabe dançar sexy por mais de 5 minutos. Determinada. Presença forte. Batom vermelho e tento seduzir com olhar.

Por dentro, um turbilhão de sentimentos guardados em caixas cheias de cadeados. Cheia de questionamentos sobre o que dizer para ser aceita e amada. Silêncio. Palavrões e opinião fortes. Quer vestir para se sentir linda, um linda que não é o tradicional e imagina que só quer por perto quem consiga ver esse tipo de beleza. Porque uma meia vermelha que aparece entre a calça jeans e o all star é demais. Quero dançar na chuva. Queria que entendessem o que está atrás desse girassol quando me fitassem, que me fitem e olhem dentro dos olhos. Frágil demais pra deixar que vejam, corajosa. Quero um colo. Preocupada com o peso, mas feminista demais pra admitir isso o tempo todo. Gosto muito de dançar e cantar pra se divertir. Tenho medo.

Amo intensamente, mas assim como minhas sardinhas que quase não podem ser vistas, mas estão lá e são incríveis, preciso de detalhes muito singulares para me abrir para o amor.

Tenho visão romântica do mundo, as folhas que dançam com vento são poesia e o chão sujo do centro da cidade é arte. As linhas que compõem os objetos, as pessoas e o mundo são lidas por mim de forma muito inspiradora.

As vezes canso de mim mesma, por que tenho ascendência em aries, mas sou muito empática por que meu sol é em câncer.

Muito responsável e mãezona, mas extrapolo no álcool e …

Tenho a mesa do escritório cheia de pequenos significados e uma mente cheia de sentimentos complexos. Completamente apaixonada por pequenos e singelos gestos e não ligo muito pro material.

Pago a conta porque acho que o importante é o papo bom, depois trabalho pra caramba par reverter o excesso do cartão.

Gosto de falar muito. Mas, não digo tudo.

Gosto de escrever muito. Mas, não consigo quando tô muito sufocada.

Tenho a playlist do Spotify mais eclética que pode encontrar, porque escolho o som que gosto por como ele chega na alma e não por estilo musical. Gosto do timbre e da melodia; e uso música literalmente como combustível pra fugir do mundo real — e às vezes pra ver o mundo real.

Amo um inferninho com som alto e dançar sem ter que seduzir ninguém só ser muito desajeitada e feliz. Amo estar em casa e não ter ninguém do lado. Domingo com a família e produção de novas memórias, domingo em casa e produção de nada, ou de novos textos.

Café e chá

Suco natural e refri

Só legumes e churrasco

Cerveja e água

Séria e sarcástica

Sincera e sempre mentindo que tá tudo bem, porque no fundo acha que vai ficar tudo bem.

Tenho uma lua que é minha visão quando deito na cama. Eu precisei de muito tempo pra me entender com a lua e me entender como lua, uma mulher cheia de fases e renovações, ciclos e movimentos.

“A Lua é passiva, receptiva. É fonte e símbolo da feminilidade e da fecundidade. É a guia das noites, é o símbolo dos valores noturnos, do sonho, do inconsciente e do conhecimento progressivo, evocando a luz nas trevas da tenebrosa escuridão da noite.

Ela simboliza um princípio passivo e fecundo: a noite, o frio, a umidade, o subconsciente, o sonho, o psiquismo, e tudo que é instável e transitório, bem como está relacionada com a reflexão”

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Café das sete
Café das sete

Written by Café das sete

Por Helena Merlo. MUITOS erros de digitação pq eu escrevo na fritação do sentimento! CATARSE. "A arte é uma confissão de que a vida não basta" F.Pessoa

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