Março

Café das sete
2 min readMar 4, 2024

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Ilustração feita por Sara Thielker — não foi feita para o texto

Me encontro hoje cheia da traumas, tramas e decisões. Os caminhos parecem mais desafiadores quanto mais eu me aproximo de mim mesma. A sensação que tenho é que sem desculpas pra dar eu preciso encarar e ponto. Não tem muita explicação pronta pra suavizar o viver. Pra dizer: é por causa daquilo e daquilo outro. Tudo se resume a me escolher ou não. É tao claro e óbvio que eu me sinto uma tola quando qualquer coisa me afasta disso. E ao mesmo tempo, me sinto assustadoramente bem quando vou ao meu encontro. Bú!

É o pau é a pedra, é o início do caminho. Fico imaginando pq é tão difícil escolher o melhor? Porque parece tão simples aconselhar o melhor e fazer a minha escolha do melhor é tão complexo? Pq parece tão incrédulo que ser a gente mesma é que é a resposta?

Me olho no espelho e não me encontro. Olhos nos olhos de quem me admira e me vejo lá, vivaz, vivendo, dançando e gritando verdades que meus próprios ouvidos se recusam a ouvir. Eu me vejo lá, numa dança ritmada que segue uma melodia tranquila de liberdade.

Fé… Sigo tentando. Amém e eu te encontro em Belém. (Rimou). Eu te encontro no mar, no rio, nas águas junto de Iemanjá, é o que eu digo a mim mesma, tentando me dar rumo. Tentando me dar prumo. Me fazendo voar. Me permitindo amar. Dizendo a mim mesma por onde caminhar. Me educando com zelo a acreditar que minha intuição tá sim dizendo verdades, verdades que nem a ciência é capaz de questionar.

Eu poderia dizer que estou bem, muito bem, estou. Mas, ultimamente eu ando precisando gritar bem alto pra que lá nas entranhas soe um pouco mais verdadeiro esse brado e eu acredite: que tô mesmo!

Eu desço do Instagram um pouco, na esperança que no mundo real eu encontre meu eu. Mas, quando volto pra esse feed frenético de comparação, em um minuto eu já me sinto toda errada. E é como heroína, vai direto na veia e me golpea num lance de desilusão. Antes que perceba eu já perdi tudo que o mundo real me deu.

Chega março e eu nem abri o verão, mas já é preciso fechar. E deixar que as águas levem. Levem aquilo que parecia me corroer por dentro. Lavem. Lavem os caminhos que eu vou percorrer pelas artérias que me compõem. E me deixem limpa pra entender o que vem pela frente. E me deixem pronta pra o que vou encontrar.

Eu mesma.

Permance a fé e essa parece ser a minha promessa de vida do coração.

Acreditar.

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Café das sete

Por Helena Merlo. MUITOS erros de digitação pq eu escrevo na fritação do sentimento! CATARSE. "A arte é uma confissão de que a vida não basta" F.Pessoa